quinta-feira, 28 de maio de 2009

Exageros à parte...

Humm... acho que vou me apaixonar por uma semana...
Ou será que vou querer por toda a eternidade?
Ou talvez por apenas algumas horas?
Dez, vinte minutos; não seria tempo suficiente?
Não tenho a mínima idéia. Realmente, não sei.
E seria uma irresponsável se me aprisionasse a esse tipo de promessa.
Entendam que não sou eu quem determina o tempo, a intensidade e a duração dos meus amores:

É o meu músculo coração.


Ele é independente; é completamente livre, e faz o que lhe dá na telha.
Afinal, se eu sou livre, por que só ele não seria?
Por isso bebo aos goles, sou impulsos mil e não tenho endereço fixo.

Sou incontáveis exageros!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Quando se precisa escrever pra não implodir...

Tudo vazio.
Algumas coisas esquecidas por causa da pressa. Mas são só palavras não usadas, uns discos empoeirados e uns sorrisos de emergência. Ah! Também tem uma cortina azul-turquesa brincando com a brisa que entra pela janela que foi esquecida aberta.
O resto está completamente despovoado.

Não, não adianta gritar.
Só vai ouvir a sua voz ecoando por todos os cantos.


Agora o silêncio invade porta adentro e tudo fica um pouco sorumbático.
Me faz um favor? Apaga a luz pra mim quando sair? Obrigada...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Qui sait une chanson n'est pas cliché?















Joues, car le vent joue avec vos cheveux,
elle danse dans le rythme effréné des vagues.
Et l'odeur de la nouvelle, la possibilité
Excite davantage leurs impulsions, les impulsions nerveuses.


Ah! La liberté ...










Repeti isso o dia todo. Não sei porque encasquetei nesse versinho que saiu do acaso enquanto eu brincava com as bolinhas de leite (leite ninho é o único que ainda faz bolinhas, mimimi) no café da manhã, que agora é sem hífen por causa das novas regras ortográficas. Por sinal, quem foi que resolveu mexer nelas, hein?
Voltando ao meu versinho....Repeti o dia todo. Em francês só por puro capricho meu. Ora vamos, um capricho de vez em quando não mata, não é mesmo?

Espera um pouco. Lendo agora com todo esse negrito e itálico, não é que daria uma boa canção? Mas não agora; mais tarde. Agora preciso comprar mais copos descartáveis.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Diz...não diz!

Não, não tinha nada a dizer.

Na verdade tinha, mas a raiva se fez nó. Engoliu as ásperas palavras que ia esbravejar; desceram arranhando-lhe a garganta. E no estômago, um embrulho que só.
Sim, tinha muito a lhe dizer!

Tinha que dizer a ele que ela:
- Odiava a toalha molhada em cima da cama e as roupas espalhadas no chão. "Cachorro!". Não era empregada dele.
- Odiava quando ele esquecia a tampa do vaso sanitário levantada. Custava alguma coisa baixar a droga da tampa?!
- Detestava encontrar a jarra de água vazia. Por acaso, só o reizinho tinha direito a água gelada?
- Surtava quando ele a gritava pela casa, parecendo um louco, por não saber onde enfiou a porcaria da pasta de trabalho dele.
- Tinha crise de nervos quando ele jurava de pés juntos que não fora ele que mexera nos discos dela. A quem ele queria enganar com aquela carinha de quem não fez nada, se na testa dele tinha "culpado" com direito a néon?
- Odiava quando ele tentava justificar o que não se podia justificar. A insistência dele a enlouquecia.
- Explodia quando ele desmarcava algum compromisso com ela só pra ver o futebol do domingo com os amigos!


No fim da tarde, ele chegou do trabalho. Ela pensou "É agora que esse filho da mãe vai ouvir.". Foi para a sala com tudo e desarmou-se.
Ele estava com um buquê de rosas vermelhas e uma garrafa de vinho. "Droga! esse patife..."
Chegou próximo a ele, que foi logo arrancando-lhe um beijo. Nessa noite ele cozinhou para ela, lavou os pratos e dançou com ela. Eles se amaram.

Na cama, ela o olhava. Estava dormindo. Tinha se saído muito bem naquela noite. Foi então que ela pensou o quanto ela adorava:
- O jeito dele, um pouco dissimulado.
- Do sorriso maroto quando tinha alguma idéia; principalmente na cama.
- Como ele sempre sabia o que ela estava sentindo: advinhava seus suspiros, seus "grrrs"; seus olhos.
- Quando ele, preocupado, cancelava todos os compromissos do dia quando ela ficava doente. Às vezes, era um simples resfriado...
- O jeito que ele tinha de lidar com sua TPM do cão! A paciência de ouvir as suas queixas de como estava gorda, feia e faminta. Oh Céus!
- Quando ele alugava filme de terror mesmo sem ela gostar. Ele sabia que ela o abraçaria com medo. E ele a aqueceria satisfeito por ser seu protetor.
- Quando no meio da noite a cobria. Acariciava seus cabelos e a envolvia com seu braço.
- As surpresas que ele sempre fazia para ela. Não precisava ter data especial; qualquer momento era propício.
- Dos incansáveis sussurros de "Te amo" ao pé do ouvido, o cheiro do perfume barato...

Realmente não tinha NADA a lhe dizer.
Era seu homem, seu amigo...seu bem querer.

Beijou-o e dormiu entre seus braços.

domingo, 17 de maio de 2009

E uma boa xícara de café...




Frio, cama, livro...Lençóis.
Boca, riso, rádio...Música.
Escuro, lâmpada, interruptor...Luz!
Olhos, cores, travesseiro...Abajur.
Violão, notas, ajustes...Sons.
Maquiagem, perfume, espelho...Reflexo!






E uma respiração lenta, tranquila e pensativa. Tudo se encaixava harmonicamente; o clima era de aconchego.
Às vezes irritava-se por tanta melancolia e tristeza que a acometia. Sabia que não era dada a sentimentalismos bobos. Às vezes irritava-se com tantos "às vezes".
Mas não importava-se por transparecer demais. Fora por muito tempo turva, nublada e obscura e chegou a conclusão de que isso a estava matando aos pouquinhos.
Tudo para ela e só dela; individualismo não mata, mas o egoísmo exacerbava a sensação insossa de ser só. Era de carne e osso também, poxa!
Cansou; aliás, sempre cansava-se de tudo. Sua inconstância era constante. Por vezes, era contraditória. Mas vem cá, quem não é?


Ah! Mas não queria pensar em nada disso hoje. Não hoje; quem sabe amanhã?
Limitava-se apenas a observar a fumaça que saía da sua caneca com café.
E lia.



Ai que frio bom aquele...







[P.S.: Obrigada ao Néctar e Flor pelo selo...aii, gente! Meu primeiro selo =D]

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Estranhezas

Estranho quando o que é engraçado não faz rir. Se é algo cômico, devia-lhe arrancar gargalhadas. Mas você não sorrir.
Estranho como às vezes é mais fácil desabafar com alguém completamente estranho do que com uma pessoa detalhadamente conhecida. Talvez, na verdade, você saiba que não conhece ninguém a fundo.
Estranho como qualquer coisa pode virar assunto; como de repente você se vê conversando com a pessoa que está sentada ao lado de você no coletivo, na lanchonete, ou na fila de espera de um banco. E se ela fosse um psicopata, um ladrão? Não, você sabe que não.

Estranho quando você vê sua felicidade em outra pessoa. Porra, tudo o que você sonhou e planejou está sendo desfrutado por ela e não por você! Mas talvez você não se lembre de que não abriu mão o suficiente das coisas ou que não se empenhou o bastante pra que se fizesse merecedor. Afinal, não é você quem julga. (Felizmente. O mérito premeditado se faz tão entediante...)
Estranho como às vezes o que é frívolo para alguns preenche melhor o que deveria ser a vaga de algo útil, de grande importância, em você. Talvez, seja necessário ser um pouco egoísta.

Estranho como andar na corda bamba é melhor do que andar em chão firme. Sua capacidade será testada: a queda pode ser drástica a depender da altura que esteja. Equilibrar-se se faz necessário.

Estranho como bolamos nossos passos mesmo sem conhecer por onde vamos caminhar. É que nos esquecemos às vezes de que imprevistos não são previamente teóricos; simplesmente surgem.
Estranho como o que você sente é tão bem mais expressado nas palavras de outros do que nas suas.
Estranho como mesmo não tendo experiências muito proveitosas ou bem sucedidas, arriscamos tudo outra vez. A experiência não tão doce das situações anteriores servem como estímulo pra que da próxima vez, você acerte. Mas quem sabe quando se vai acertar?

Estranho como nem sempre conseguimos lidar com a falta, mesmo tentando se convencer que não existe falta nenhuma. Até os mais errantes, mais loucos, mais libertos, carecem de se aprisionar a uma outra alma, a um outro ser. Incondional, temporária, parcial ou fugazmente, não importando o tipo da prisão. Não é nenhuma demonstração de fraqueza, ingenuidade ou coisa assim, se admitir que você precisa de uma costela para os frios, um bobo pra rir de suas piadas não tão engraçadas; de alguém que você possa confidenciar aquilo quem nem à sua sombra você ousar dizer.



Estranho como hoje me sinto estranha....

terça-feira, 12 de maio de 2009

"Com licença, mas qual é a cantada que funciona melhor com você?"

Desempregada há mais de um mês.
Dinheiro acabando, ô môpai!
Aniversário chegando.
Crise de nervos.
2 kg a mais na balança.
Espinhas voltando aparecer depois de anos sem dar as caras.
Um milhão de entrevistas.
Respostas de "Entraremos em contato" ou "Você passará por mais uma seleção..." aos montes.
Humor sarcástica e ironicamente aguçado.
Em abstinência....não, melhor não entrar em detalhes tão sórdidos. seria desesperador demais.
Cuidado estou mordendo!

Assaltos a geladeira no meio da noite (Ó céus! Aqueles pãezinhos de queijo mimimi).
Rinite atacando o meu sono.
O extrato do cartão chegou...
O cavalete do meu violão descolou.
Tem um "inquilino" na minha cozinha.
Uma chuva dos diabos, e um fim de semana entendiante em casa.


Como se não bastasse, essa manhã, após sair de uma entrevista estressante, com o mundo de candidatos pra dez vegas, ponto cheio, o tempo ameaçando chuva, o sapato fazendo calo no pé, o ônibus com meia hora de atraso, me vem um filhote de cruz-credo reencarnado em forma de gente pra me amolar o saco que não tenho.
Eu estava aguardando o busu, ele veio me pentelhar. Estava a um quilômetro de distância e veio se chegando. Me perguntou se eu podia dizer as horas. Mostrei que não tinha relógio. Ele sossegou. Depois veio com um comentário do tipo "Porra, que mormaço"; olhei para ele com cara de "aaaan...comigo? Acho que não" e voltei a olhar na direção que o ônibus já deveria estar vindo.
Mesmo com a minha cara de poucos amigos, ele não aguentando mais, se encheu de coragem e largou:

- Gatinhaaaa, eu poderia gastar todo o meu estoque de cantadas com você, morena! Você tem cor de bombom! Você é nora que minha mamãezinha pediu a Deus, um tesouro, não sei como não se machucou quando caiu do céu meu anjo......

Avistei o ônibus, controlando a vontade de pular no pescoço daquele ser e me vingando de tudo que eu já tinha escutado, me virei pra ele e disse:

- Pode me fazer um favor? [com uma voz quase de sexycall,haushaushua]
- Vários se você quiser, minha nêguinha. (Todo fogoso, quase entrando em êxtase...)
- VÁ CANTAR A PUTA QUE O PARIU, SEU IDIOTA!

E subi no ônibus com um certo gostinho por ser vista como "contraventora" da ordem social, sendo seguida pelos olhares repreensivos das senhoras que estavam no ponto.
Hááá...Qualé gente boa?! Já tenho muita coisa pra apertar minha mente, não preciso de um cidadão faminto pra aumentar a coleção, não!


Cuidado! Eu estou mordendo!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Com um gosto amargo na boca (parte II)

Em uma dessas noites, depois do ato, com ela, que acabara de acender um cigarro, em seu peito confessou-lhe tudo o que estava sentindo. Confessou que ardia por ela, e que não aguentava mais pensar no fato que a dividia com outros homens. Ela o olhava indiferente e mais indiferente eram as suas respostas de "não” aos pedidos suplicantes de Stevens. "Quem ele pensa que é? Um herói? Não, não sou a mocinha indefesa e muito menos quero ser salva", pensava ela enquanto o pobre rapaz, despejava-lhe confissões.
De certa forma gostou da submissão do rapaz; inflava o seu ego. Mas, por outro lado, tinha que dar um jeito naquela situação. Tentou explicar que era uma meretriz, uma puta, mas era porque assim queria; não odiava a vida que levava. Mas ele não entendia, estava cego. Dispensou o rapaz com a promessa de que ele poderia vê-la na noite seguinte.

Acendeu mais um cigarro, bolando o que poderia fazer pra se livrar de um coração apaixonado; eles eram grudentos, incovenientes ao ver dela...
Decidiu que teria que tomar medidas drásticas. E bolou um plano impiedoso para acabar de uma vez por todas com a euforia descabida de Stevens.
Depois de um jantar a dois, um clima romântico e tórrido pairava sobre o quarto. Depois de algumas taças de champanhe, os dois amantes estavam rindo e trocando carícias. Num descuido do rapaz, ela vai até sua gaveta de miudezas, pega um frasquinho com um contéudo estranho e despeja na taça do seu obcecado admirador. Foi a última vez que as palavras dele enchia seu ego mixe.

Agora ela estava descendo as escadas com aquele homem lindo, porém morto. Que desperdício! Se não viesse com aquelas baboseiras de amor, poderia agora estar desfrutando do delicioso sexo que aquele animal tinha. Como ainda era bem cedo, o bordel estava vazio. Os clientes ainda estavam nos quartos, cada qual com o seu troféu da noite. Com dificuldade, conseguiu colocar o corpo no carro. Seguiu até a praia. Em nenhum momento hesitara, arrependera-se. Mantinha-se decidida e fria. Chegando à parte deserta da praia, certificou-se de que não havia ninguém. Foi até o carro, pegou o corpo, o beijou pela última vez e o empurrou para as pedras. Logo em seguida a maré levou o corpo de Stevens como se fosse uma oferenda. Ela, devota de Iemanjá, pediu perdão e proteção e seguiu de novo a seu carro.

No caminho de volta ria do pobre e tolo Stevens. Porque nunca quisera ser salva. A sua vida era traçada pelo inesperado. E foi pelo inesperado que tinha aquele ofício. Poderia ter qualquer um ao seu colchão. Sim era puta, porém, LIVRE! Mais livre que qualquer moça de bem. E sentia um certo orgulho disso. Droga! Ainda sentia o amargo na boca.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Com um gosto amargo na boca... [parte I]

Sentou à beira da cama. Levou a cabeça até os joelhos e passou as mãos nos cabelos molhados.
Os lençóis, num emaranhado que só, expeliam o cheiro misto de suor e baunilha.
Ainda tonta e com repentinas ânsias de vômito, notou que havia um corpo em seu colchão.
Mas isso não era nenhuma anormalidade. Afinal, muitos corpos frequentavam seu colchão.
Um corpo, um cheiro, uma boca diferente a cada dia. Moreno nas segundas, louro às terças; os ateus na quarta, os calvos nas quintas. Os mais "maduros", segundo ela, mereciam-na nas sextas. E nos sábados e domingos se permitia, e a seu colchão também, a acolher qualquer alma que necessitasse de pele, desejo e carne!
Não pode evitar o desejo de expelir tudo que havia em seu estômago e correu para o banheiro, na esperança de que alcançasse. Argh! Um gosto amargo lhe veio a boca. Concluiu que tinha tomado champanhe. Já tinha sentido aquele odioso sabor em um dia de ressaca após uma noitada de farras regada por champanhe em taças inebriantes...Ai! Aquela dor de cabeça também já sentira.

Quase que se arrastando, procurou na gaveta onde guardava suas miudezas, qualquer remédio ou droga que aliviasse àquela sensação penosa que se instalara em sua cabeça. Achou um comprimido qualquer, e antes que pudesse ler de qual dos males ele tratava, pôs para dentro sem hesitar.
Sentou na poltrona em frente a sua cama e olhou novamente o corpo estendido. Engraçado, apesar de todo o barulho, a figura corpolenta daquele homem não havia sequer feito um movimento. Decidiu chegar mais perto.
O reconhecera! De repente sua náusea voltou, sentiu-se tonta, confusa; suas mãos e face ficaram gélidas e novamente o gosto amargo do champanhe da noite anterior veio-lhe à boca. "Está morto!". Aquele homem que estava em seu colchão estava morto!
Não, ela não aparentou nenhuma surpresa ou desespero. Na verdade sua exclamação foi de conquista. O mal estar era por causa da incômoda ressaca. Conseguira cumprir seu plano, apesar de não ter memória de como o executou. Demonstrando uma implacável frieza após ter entendido o que acontecera ali, resolveu tomar uma ducha. Enquanto se vestia, pensava em como ia se livrar daquele corpo.

Stevens era um homem corpulento, elegante, bonito e ingenuamente apaixonado. Apesar de passar uma imagem contrária, era tolo nas questões do coração (e quem não é?!). Enrabichava-se facilmente, iludia-se e encantava-se com aqueles seres de saia. Os amigos tentavam ajudar, aconselhavam-no, mas não se há muito o que fazer por quem tem a paixão como bússola.
A última, literalmente a última, avassaladora paixão de sua vida tinha sido por Ela. Uma mulher da vida; uma puta de um dos vários bordéis da quase extinta Ladeira do Imperador. Não era qualquer rameira; ela era especial. Tinha vida nos olhos. Fazia o ofício de cada dia por prazer. Cheirava a desejo, a fogo, a saliva quente, a luxúria, a sexo. Suas unhas sempre vermelhas o fascinavam. A boca carnuda hipnotizava-o. Era perfeita. Vinha frequentando o seu colchão há meses. Ia por amor, paixão ou qualquer nome que explicasse aquela súbita vontade de tê-la em seus braços, encaixada prazerosamente em sua virilidade. Ah! Gozava intensa e freneticamente com ela. Sim, ele a amava!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

E tinha um sorriso na bagagem...






E ziguezagueou pelas ruas esburacadas. Suas pernas bambeavam, e vez ou outra se desequilibrava no seu próprio passo.
Mas não caía.
Dava risada da sua condição...

Ia desafiando as poças d'águas espalhadas na calçada. Esquiva-se delas e quando cansava, pulava não se importando se era de lama ou de lágrimas.
Ficava pensativa, mas logo o pensamento se dispersava e seguia uma borboleta cor "azulinfinitodecéu". As coisas pequenas e belas sempre a distraíam.

Seguia os cheiros e sabores conhecidos. Os desconhecidos, por sua vez, procurava aspirar o máximo que seus pulmões conseguissem armazenar e sua memória conseguisse arquivar em sua coleção.
O engraçado é, que virava e mexia, o cheiro dele sempre aparecia no meio daqueles distintos odores. Nãão! Impressão, deve ser impressão.
Às vezes sentia vontade de gritar, esperniar, chorar. Mas quando lembrava o trabalho que a daria para derramar um mar de lágrimas, mudava de vontade e sorria.
Pulava, dançava e ria!

De tudo, de todos, dos formatos estranhos, das cores alegres, da sua música predileta tocando no radinho de pilha de um estranho, de si mesma, dos outros. Não sabia ao certo o motivo, o porquê do seu riso. Era espontâneo, gostoso e contagiante.
Quando ziguezagueava na rua, ela deixava em seu rastro, o cheiro do impulso, do desejo de gostar, de flores!


Ela deixava o gostinho de baunilha na pele quente!