terça-feira, 22 de novembro de 2011

Instantâneo; voraz


(Foto: Robert Mapplethorpe)



Aquele que tem espírito livre
Alma mutável e fome pra experimentar
Acumula amores.
Mal sabe administrá-los
E goza por todos, e chora por todos
Pragueja por todos.
Consuma-os!
Consuma-os!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Do que se tem a dizer de pecado e corpos

Salivando-me por completa até que eu me derreta em sussurros e soluços.
A contração do corpo contra o ritmo infatigável dos impulsos e desejos
Vai sincronizado à lascívia composta de lábios carnudos, dentes serrantes e língua voraz.

As mãos parecem famintas em registrar
Apalpando todas as curvas do corpo nu, suado, contraído.
O espírito se retirou, dando espaço para que a carne arda.
Prazer é a súplica dos dedos trêmulos ao percorrer cada ponto do objeto desejado
Lêem através da escrita dos poros; todo manual está contido ali, na pele:
Querem toques suaves e intensos
Querem arranhões que marquem e mostrem que um animal faminto passeou por ali.
Querem o gozo em forma de fluidos molhando, regando, encharcando as pernas, os lençóis, o querer.

Bocas inquietas mastigam umas as outras
Em um apetite insaciável, deliberadamente sem rédias, sem regras, sem regresso.
Momento onde nos tornamos bilíngues ou poliglotas
A depender de como as línguas se desenvolvam pelos orifícios úmidos.
O encaixe dos corpos a executar uma coreografia espontânea, sem técnicas, sendo de caráter totalmente instintivo.
É sem dúvida um espetáculo estonteante aos olhos que cintilam e refletem a imagem do outro.

O cheiro da pele entranhado nas narinas e a mão enlaçada nos emaranhados fios do cabelo
Compoem a cena da excitação dos corpos envolvidos no ato.
O álcool que exalava com o suor competia com o cheiro do líquido que escorria deles.
Gemidos abafados, engolidos completavam a sinfonia de sons no ambiente
O resto era silêncio.
O "vai-e-vem" dos quadris ora era lento, ora era um frenesi.
E numa profusão de reações em cadeia, o espetáculo se encerra com o prazer lançado para fora de si, para dentro de alguém.
É o último ato...
Então os corpos cambaleam cansados, extasiados, contraídos.

É sublime, divino e profano; é a parte feliz em pecar.