O silêncio fazia nó na garganta e os lábios estavam involuntariamente trêmulos.
Sua respiraçao era um pouco ofegante acompanhada de um sorriso tímido e nervoso. As mãos suadas tremiam levemente ao segurar as minhas. Cerramos os olhos e foi com a memória do tato e do cheiro que construímos aquele instante: te li e te marquei em mim com as mãos.
Fazia todo e nenhum sentido estar ali e o mar era testemunha muda.
Cantei-lhe uma cantiga, em segredo, para que teus ouvidos sempre recordassem minha voz.
Ensinaste a mim, meu menino, a sorrir sem ser escravo de motivos e me embebedaste com seu sorriso constante.
Foi nesse momento então, entre sussurros, segredos e risos, que meu coração malandro compôs um samba, um batuque acelerado e a noite se fez apoteose: me tomaste em teus braços e trouxe o seu peito, que também batucava, pra perto de mim; seus braços transbordavam um aconchego que me aqueceu e me satisfez.
Nossas bocas segredaram algo na língua de Neruda.
E o mar era testemunha surda.