segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Mais uma vez o dia chega
Em minha vida
Como uma chama na selva
O sol na cama da relva
A tua boca e a lua
A minha boca e a tua
Vão deixando pela rua
Palavras e silêncios
Que jamais se encontrarão


(Palavras e silêncio - Zeca Baleiro)














sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Saudade é saber que toda espera pode compensar o cansaço..."


Hoje me vi repleta de saudades. Saudades de pessoas, de coisas, de momentos....Nostalgia infinita!
Saudades da minha infância. De como tudo era mais fácil de se ver. Não quero voltar atrás; percorri um longo e demorado caminho até aqui. Mas bateu saudades.




A correria da minha rotina me tem roubado tempo demais. Os dias parecem ter menos de 24 horas. Os dias estão escorrendo...O ano daqui a pouco acaba.
Cansada! De um leque de coisas...Mas estou tão cansada que prefiro não entrar nesse assunto...

Tentei organizar os últimos acontecimentos no ônibus (voltando do trabalho) para casa. Quase deu um nó e não entendi bulhufas do que está se passando.

Mas hoje a volta para casa foi diferente. Tinha o mesmo cenário: ônibus cheio, meninos e meninas gritando, uma mulher reclamando da vida, um homem berrando ao celular com "sabe-se-lá-quem". Tudo aparentemente cotidiano. Foi então que ela subiu.
Aparentava ter seus 28 anos, mas o pesar dos problemas em seus ombros e a preocupação em forma de rugas aparentava-lhe muito mais idade.Tinha um olhar triste, fundo. Estava carregando essas bolsas que toda mãe carrega quando tem uma criança recém-nascida. Mas não havia nenhuma criança.

Uma moça que estava sentada ao meu lado futucou uma outra moça que estava sentada à nossa frente.

- "Tá vendo essa aí? Tadinha é maluca!"
- "É?! Como é que você sabe?"
- "Ela mora lá na minha rua. Tá vendo essa sacola? Era do filho dela. Um bebê lindo! Morreu há três anos. Mas toda vez que ela sai leva essa sacola velha."
- "Ave maria! Que horror! E o marido?"
- "Largou, minha filha. Também! Quem é que suporta isso aí? Nem deve tomar banho, comer..."



Mudei de lugar. Sentei perto daquela mulher infeliz. Seus olhos estavam prontos a transbordar. Ela apertava a bolsa contra o peito, como se abraçasse alguém querido que há muito tempo não via. Aquela cena me emocionou. Queria dizer a ela que imaginava o sofrimento, mas que ela tinha que tocar sua vida pra frente; queria dizer que precisamos aprender a aceitar a morte; queria dizer tanta coisa...

Mas quem me disse foi ela. Em uma espécie de desabafo. Creio que ela já não suportava mais aqueles olhares curiosos que já deviam ter se tornado rotineiros para ela. Olhou para mim e me perguntou :

- "Você não vai me perguntar também onde está meu filho?"
- "Eu..."
- "Ele morreu." [ e olhou para a janela]


Depois de segundos calada, virou-se para mim novamente e falou:

- "Não quer saber então por que ando com essa bolsa?"
- " Se não for doloroso pra você" [consegui dizer baixinho...a garganta já estava apertada, os olhos começaram a encher...mas minha curiosidade me impulsionou].
- "Eu carrego essa bolsa pra onde vou porque sinto o cheirinho dele; sinto o corpinho frágil dele...sinto o meu filho."



Mais uma vez silêncio. O meu ponto já estava se aproximando. Não sei por quê e como disse a ela as seguintes palavras:


- " Você não é louca. Você é uma pessoa especial. Você tem amor! Toca sua vida pra frente! Você é forte; você consegue!"


Ela olhou pra mim, com os olhos cheios de lágrimas e pela primeira vez desde que a vi entrar no ônibus, vi um sorriso tímido espantar aquela tensão que tinha no seu semblante.


- "Você é uma pessoa diferente. Deve ser uma filha maravilhosa! Obrigada!"

Soltei do ônibus e fiquei acompanhando até virar na próxima rua. Provavelmente nunca mais a veria....



Cheguei em casa, me tranquei no quarto e chorei. Sempre fui meio incrédula em acasos e coincidências, mas diante do que me aconteceu, hoje digo que ACREDITO.

'Filha maravilhosa'..não é bem isso que tenho escutado ultimamente. O pouco que tenho escutado. Estamos falando línguas diferentes e falta paciência para tentar decifrarmos um ao outro. Mas o amo!! Com todo jeito turrão e perfeccionista, com seus defeitos e sua recusa a aceitar críticas....o A-M-O! Afinal, ele é muito mais que meu genitor....é meu amigo, meu herói, meu orgulho.




Pena que não consigo dizer claramente isso a ele. Pena que ele não consegue ler claramente isso em mim!






"Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada"







segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A música parou. O silêncio nunca foi tão enlouquecedor.
Ela estava confusa, angustiada...desorientada.
Estava cansada...não sabia mais o que tentar para que conseguissem decifrar a sua língua.
Foi quando percebeu:



Estava no limite...estava sangrando novamente.

domingo, 5 de outubro de 2008

E foi naquele exato momento que percebi que não sou uma muralha!


Naquele exato momento quase desabei...Um bilhão de pensamentos passaram na velocidade da luz!
"Nenhum homem é uma ilha...nenhum homem é uma ilha", eu berrava pra mim mesma em silêncio.

Eu tinha que perceber isso.
Foi então que encontrei aquele par de olhos que me acolheram...Como eles eram ternos!
Eles leram os meus olhos durante o tempo que os encarei. Leu as entrelinhas, as minúcias que a ninguém permiti olhar.

E foi então que me desarmei. Toda aquela pesada armadura que envolvia o campo dos meus sentimentos caiu por terra. Eu estava me permitindo!

Eu estava respirando melhor.





"Porque há o direito ao grito. Então eu grito."

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Hoje eu resolvi ficar quietinha...
Apenas observando como a mediocridade e a futilidade viraram valores fundamentais para os homens.

Apenas observando os olhares sem brilho, com um fundo profundo...



quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A única coisa que lhe peço é que você me OUÇA!
Não precisa falar nada...apenas me OUÇA.
Tente enteder a minha língua marciana.


Eu ainda estou sangrando...








"E se me achar esquisita,respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar."