quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

"...a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar."




Começo a pensar que sou aquela equlibrista que Elis descreve em sua canção "O Bêbado e a Equilibrista" (que por sinal me traz boas lembranças...).

Enfim, nem sei.

Vou fazendo o espetáculo da maneira que posso, no meu tempo ou no tempo de outrem. Cambaleando, mas com o sorriso mecânico sempre pronto pra esconder as marcas do tempo que a maquiagem meio borrada evidencia, destaca no rosto visto por tantos olhos e esquecido junto com lembranças sem importância.

Estes me ferem mesmo sem intenção. Fazem esmorecer toda vontade de encantar, a vontade de rancar aplausos e olhares apreensivos. Não se imaginam voando, livres, porque os problemas, as suas frustrações, as coisas ínfimas se tornam fardo e arrancam os sonhos de suas noites.

Mas ainda assim, mesmo no meio de tantos olhares enregelados, quase sem vida, olhando pra qualquer ponto do picadeiro, mesmo diante destes, encontro olhos curiosos, vivos, cheios de perguntas, de energia. Eles vibram, estatelados com o espetáculo da Menina Equilibrista. O mesmo espetáculo apresentado quase todas as noites, mas que para esses que sentem sede de descobrir o novo, é algo inédito, incrível, estonteante. Afinal de contas, não são todos ou qualquer um que se propõe a viver todos os dias em cima da corda bamba de cetim, arrancando suspiros, resmungos, críticas, ou admirações dos espectadores. Eu que sei, o ofício é árduo, mas compensa.

É aí que me renovo, revitalizo, sinto de novo minha alma andarilha se remexer; implorar por mais um espetáculo esplendoroso, sentir os lábios da Liberdade beijar-me, me deliciar com o vôo até o chão.

Porque não tenho razões para ser comedida, não preciso ser medíocre quando posso ser TUDO — e nem quero ser outra além de mim.

O Extremo é apenas o meu Meio.

1 Por aqui, um pouco mais de "etc.":

Paulinha Neves disse...

aqui eu, amore!
http://interrogacoes.blogspot.com/