segunda-feira, 20 de julho de 2009

Menina das teses de liquidificador I

Não tinha nada de excepcional. Apenas passa por sua cabecinha arteira, ideias que se transformam em teses. Teses de liquidificador, como ela mesmo as chama. Umas claras, outras escuras, outras incompletas; algumas complexas, simples demais, mordaz demais. Varia conforme seu humor, que varia conforme o clima. Tudo seu estava ligado a alguma coisa, mesmo que ela não saiba exatamente a que.
Um pouco confusa, mas qualquer um é; a confusão faz parte da natureza humana. Ela mesma concluiu isso com uma de suas teses. Mas isso já é outra coisa.
De vez em quando tem acessos de sentimentalismos baratos; tudo muito saudável, mas perigoso. Não ousa a criar hipóteses pra essas questões. Sempre termina com dores de cabeça e sem ideia alguma! Só sabe que tudo é muito imprevísivel e que nada, por mais que pareça, é igual.

Não é sempre que divulga o que pensa. É perigoso expôr certas coisas à pessoas que não conseguem ampliar seus olhos pra tentar imaginar o que tem além da linha do mar. Mas mesmo assim, arrisca. Tem esperança de que algum dia elas entenderão o que ela quer dizer.
Já foi exibida, louca, herege, infantil e outros adjetivos temperados com certa hostilidade. Não se irritou, apenas pensou o quão azeda não têm sido essas vidas.
Desanuviou. E ensolarou um sorriso. Outra ideia! Correu pra anotá-la no papel antes que fosse embora na mesma rapidez que chegou.

Falava sozinha na rua, tinha longas conversas com ela mesma refletida no espelho. Frustrava-se com o fato da "outra" não retrucar, questionar o que ela dizia. Mas contentava-se. Pelo menos pensavam iguais.
Não tinha nenhuma credibilidade: mestrado e qualquer outro tipo de especialização passavam longe. Nada, apenas um cobertor de ideias.
Mas, às vezes, conversando com alguns conhecidos seus, que tinham diplomas e certificados, se perguntava se realmente a falta desses títulos a incomodava. Muitas vezes não sabiam responder uma simples questão ou se assutavam com uma simples constatação dela.
O que adianta todo conhecimento se continuam cegos? Não entendia, mas não se esquentava muito. Quebrar a cabeça não era nenhum tipo de passatempo pra ela. Acha desnecessário.
E assim vive a menina. Não é pretenciosa, nem acha que sabe tudo. Só quer continuar formulando suas teses, mesmo que não façam sentido pra ninguém.
E anota tudo em um caderninho. Quem sabe um dia eu consiga publicar aqui alguma de suas linhas de pensamento? Mas escondido; ela não gosta de se expôr muito.

Uma coisa eu sei: ela conhece a arte de extrair do silêncio uma porção de coisas! disso eu posso garantir com toda certeza!

5 Por aqui, um pouco mais de "etc.":

Luna Sanchez disse...

Nana,

Conheço um ser tão assustadoramente parecido com a menina descrita no teu delicioso texto...nem te conto. Somos íntimas, o que não quer dizer que a gente se entenda sempre. Normal, enfim.

Rs

* Senti tua falta, nesses dias. Gosto da emoção das tuas linhas, e me acostumo tão rápido com o que gosto... Animal sentimental, mesmo. Declarado.

Dois beijos, moça.

ℓυηα

Denise disse...

Nanaaaaaaaaaaaa
To de saudades
(ando meio assim menos rs)
e sinto sarrrrrdade de quem gosto

dá cá um abraço

De

Amanda disse...

Sempre acabo me vendo um monte nos seus textos... Esse, em especial, parece feito pra mim.

Beijos

Airlon disse...

o melhor de falar sozinho, de conversar consigo mesmo, é que você sempre termina tendo razão! Liquidificar é legal... bjo meu, saudações musicais!

obs: texto já de acordo com as novas normas gramaticais hein moça! Bela ideia!

APS

M.M. disse...

Que ela continue sempre formulando suas teses, sendo fiel a ela mesma!
Bjos