Só conseguiu sussurrar um "oi, tudo bom." quase que engasgado e logo depois sentiu suas bochechas quentes. Corou. "Droga, você parece uma idiota", recriminava-se. Enquanto ele deixava o elevador, ela pensava em um milhão de coisas pra chamar a atenção, puxar papo. Não fez; ficou imóvel assistindo ele cumprimentar o porteiro e as portas do elevador se fecharem.
Não sabia nada sobre ele, somente que morava ali no prédio; começou a pensar por que estava se sentindo assim, tão besta, tão leve e pesada ao mesmo tempo. Queria saber por que essa ansiedade em esbarrar nele de novo. Juntou as peças e a sua expressão ficou idêntica a de quem cai numa armadilha; e meio que se diagnosticando gritou: "Puta merda,não acredito. Tô apaixonada?".
Entrou em casa, jogou as chaves sobre a mesa e foi logo pro banho. Depois, com uma taça de vinho tentou relaxar, ignorar aquele estranho que insistia em aparecer de intruso nos pensamentos dela. "E se eu virar clichê?", se perguntou enquanto preparava qualquer coisa pra comer. Não, não podia estar apaixonada. Não tinha tempo. Suas horas eram voltadas ao trabalho e só. Mas infeliz ou felizmente, não sei ao certo, nem tudo pode ser programado.
No dia seguinte, depois de um dia de cão no trabalho, cansada e estressada, passou na portaria pra pegar sua correspondência e foi em direção ao elevador. Quando as portas já iam se fechando ouviu alguém gritar "Segura pra mim". Com a cabeça na lua e sem prestar atenção, segurou o elevador e foi aí que sentiu as pernas tremerem. "É ele" gritou tão alto por dentro que pensou que ele tinha escutado. Olhou discretamente pro estranho e ficou admirando como era bonito. Tinha uma cara de homem, mas a aura de menino. Tinha traços um pouco fragéis e ao mesmo tempo marcantes; sua expressão era tranquila.
Terceiro, quarto...oitavo andar e nada. "Em que andar ele mora?" ficou se perguntando. Décimo andar; era o dela. Antes de pensar soltou um "tchau" meio que catado. Mas foi surpreendida.
Ele também ficou ali no décimo andar. E pra surpresa maior lhe respondeu "Tchau por que vizinha, se moro ao seu lado?" e sorriu. Como assim? desde quando? Como nunca percebeu? Sorriu de volta pra disfarçar. "Vai, chama ele pra tomar um vinho...fala alguma coisa...".
Mas foi ele quem lhe falou:
- Aceita jantar comigo? Olha sou eu quem vou cozinhar e cá pra nós, sou um bom cozinheiro; e deu risada.
Entrando na brincadeira ela perguntou:
- Vai convidar uma estranha pra jantar com você? Como sabe se sua vizinha não é um Serial Killer?
Ele a olhou de um jeito tão meigo quanto soou suas palavras:
- Acontece que de vez em quando eu acerto, quando sigo minha intuição.
[Ai,ai...seria tão bom se tudo acontecesse assim, certinho. Ou não. Texto-presenteimprovisado pra você, Olhos de jabuticaba. Leia-se nas minhas linhas]
2 Por aqui, um pouco mais de "etc.":
E agora ela não consegue mais pensar em nada, se desliga de tudo em questão de segundos, viaja completamente nas lembranças.. imagens, cores e sons! *-* Lindo texto como sempre! minha pretinha (L
Ah, quando a ficha cai e a gente vê que aquele papo de "Tenho tudo sob controle" é balela, só resta respirar fundo e se jogar, mesmo.
Tem coisa melhor do que paixão? Tem não. Sou movida por isso.
Beijo,moça.
ℓυηα
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