sexta-feira, 8 de maio de 2009

Com um gosto amargo na boca (parte II)

Em uma dessas noites, depois do ato, com ela, que acabara de acender um cigarro, em seu peito confessou-lhe tudo o que estava sentindo. Confessou que ardia por ela, e que não aguentava mais pensar no fato que a dividia com outros homens. Ela o olhava indiferente e mais indiferente eram as suas respostas de "não” aos pedidos suplicantes de Stevens. "Quem ele pensa que é? Um herói? Não, não sou a mocinha indefesa e muito menos quero ser salva", pensava ela enquanto o pobre rapaz, despejava-lhe confissões.
De certa forma gostou da submissão do rapaz; inflava o seu ego. Mas, por outro lado, tinha que dar um jeito naquela situação. Tentou explicar que era uma meretriz, uma puta, mas era porque assim queria; não odiava a vida que levava. Mas ele não entendia, estava cego. Dispensou o rapaz com a promessa de que ele poderia vê-la na noite seguinte.

Acendeu mais um cigarro, bolando o que poderia fazer pra se livrar de um coração apaixonado; eles eram grudentos, incovenientes ao ver dela...
Decidiu que teria que tomar medidas drásticas. E bolou um plano impiedoso para acabar de uma vez por todas com a euforia descabida de Stevens.
Depois de um jantar a dois, um clima romântico e tórrido pairava sobre o quarto. Depois de algumas taças de champanhe, os dois amantes estavam rindo e trocando carícias. Num descuido do rapaz, ela vai até sua gaveta de miudezas, pega um frasquinho com um contéudo estranho e despeja na taça do seu obcecado admirador. Foi a última vez que as palavras dele enchia seu ego mixe.

Agora ela estava descendo as escadas com aquele homem lindo, porém morto. Que desperdício! Se não viesse com aquelas baboseiras de amor, poderia agora estar desfrutando do delicioso sexo que aquele animal tinha. Como ainda era bem cedo, o bordel estava vazio. Os clientes ainda estavam nos quartos, cada qual com o seu troféu da noite. Com dificuldade, conseguiu colocar o corpo no carro. Seguiu até a praia. Em nenhum momento hesitara, arrependera-se. Mantinha-se decidida e fria. Chegando à parte deserta da praia, certificou-se de que não havia ninguém. Foi até o carro, pegou o corpo, o beijou pela última vez e o empurrou para as pedras. Logo em seguida a maré levou o corpo de Stevens como se fosse uma oferenda. Ela, devota de Iemanjá, pediu perdão e proteção e seguiu de novo a seu carro.

No caminho de volta ria do pobre e tolo Stevens. Porque nunca quisera ser salva. A sua vida era traçada pelo inesperado. E foi pelo inesperado que tinha aquele ofício. Poderia ter qualquer um ao seu colchão. Sim era puta, porém, LIVRE! Mais livre que qualquer moça de bem. E sentia um certo orgulho disso. Droga! Ainda sentia o amargo na boca.

1 Por aqui, um pouco mais de "etc.":

Bárbara O. dos Santos. disse...

Não tenho ao certo que falar sobre a estória.

Apenas que a decisão dela de se apenas dela é bem obejetiva e clara.
E que nenhuma daquelas ceninhs de amor clichê a faria abrir mão do delicioso prazer que ela snetia no que não a pertecia e nem penterceria uma dia.
Sua frieza era fruto se seu amor pórprio,de sua decisão de levar em consideração só o seu prazer além disso viraria relacionamento chato e opressor.

Apesar de me impressionar com a frieza diante do assassinato,gostei muito.
Beijos.